A tragédia ocorrida em Capitólio no último sábado,10, que tirou a vida de dez pessoas e deixou 24 feridas, trouxe o alerta para a segurança no local e muitos questionamentos se poderia ter sido evitada.
O jornalismo da Onda Poços conversou com o professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) Clibson Alves Santos que também é doutorado em Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais pelo Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto, além de ter experiência na área de Geociências, com ênfase em Análise Geoambiental, Geotecnologias e Recursos Hídricos.
Clibson contou que sempre levava alunos para realizar trabalho de campo no local, antes da pandemia e que nunca houve registro de qualquer tipo de alerta sobre o que ocorreu. “Conheço o pessoal do turismo de lá, e se alguém avisou, a gente não tem esse registro e não vejo discussões sobre essa parte geológica, até porque esse tipo de movimento não havia sido observado anteriormente. Nas redes socias tem veiculado uma foto tirada em 2012, porém, isso não é suficiente validar qualquer tipo de instabilidade, além de não termos certeza se a foto é realmente daquele local”, relata.
Tombamento de bloco
O geógrafo comenta que aquele tipo de movimento de massa da dinâmica natural de evolução do relevo da região. “Ali ocorreu um tombamento de bloco ou flexural. As rochas quartizíticas da região possuem falhamentos verticais e horizontais, e que nesse caso a percolação de água das chuvas nas falhas verticais podem ter provocado a perda do atrito, que associada a baixa sustentação da base, resultou no movimento de tombamento do bloco”.
Ainda segundo Clibson, mesmo que seja um movimento comum nestas regiões, não havia registro identificado no local, mas pelo tipo de rocha, estrutura geológica da região, é um movimento que pode acontecer.
“Se o problema pode vir acontecer no futuro? Pode sim, é bem provável que aconteça, e por isso, será necessário fazer estudos geológico – geotécnico para avaliar estabilidade dos paredões dos cânions, analisar a estrutura das trincas e fissuras das rochas e identificar quais pontos que precisam de estabilização. E também se tem áreas ou porções dos cânions mais críticas e susceptíveis a ocorrência de tombamentos. Em fim, um levantamento geológico detalhado da região, principalmente onde os cânion afunilam mais e que tem maior tráfego de embarcações e visitação. Esse tipo de estudo são realizados por geólogos, que tem condições de elaborar laudos técnicos e mapeamento de risco, identificando as áreas que apresentam maior instabilidade, além de indicarem que tipos de obras de estabilização devem ser feitas quando for o caso. Será importante ainda, montar um plano de prevenção, principalmente para os períodos de chuvas, visando evitar a visitação em áreas que apresentam maior risco, e também orientar os responsáveis pelas embarcações e comunidade que acessam os cânions sobre os cuidados necessários e os tipos de sinais naturais dos eventos geológicos e também das “Cabeças D’água”, que são comuns na região e que causou mortes em anos anteriores”, finaliza.
Inspeção
Nesta segunda-feira,10, o governador de Minas Gerais Romeu Zema anunciou que toda a região passará a ser analisada por geólogos e outros especialistas que possam identificar riscos de novos desmoronamentos.
Investigação
Após identificação e liberação dos corpos das vítimas para as famílias, a Polícia Civil começou a segunda etapa da investigação que apura as causas e as responsabilidades do fato.
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