Tortura, divulgação de cena de nudez, induzimento a automutilação, racismo e injúria racial. Esses são alguns dos crimes pelos quais um homem, de 19 anos, está sendo investigado. Ele foi preso preventivamente durante ação das polícias civis de Minas Gerais (PCMG) e do Estado de São Paulo (PCESP), na última quinta-feira (1/8), na zona rural da cidade paulista de São José dos Campos. O celular do investigado também foi apreendido.
A vítima do crime, uma mineira de 23 anos, mantinha um namoro virtual com o suspeito, natural de São Paulo. A jovem teria se relacionado com o investigado entre março e junho do ano passado.
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O homem, segundo levantamentos, habilitava linhas telefônicas internacionais e de outros estados em nome de terceiros para ocultar sua real identidade.
Abuso virtual
Conforme apurado pela Polícia Civil, em determinado momento do namoro virtual, o homem passou a exigir que jovem se automutilasse, escrevendo com lâminas o nickname do suspeito na região da barriga e dos seios.
“Como forma de coação, o suspeito ameaçava vazar os dados pessoais que ele tinha da vítima e da família dela. Com medo de publicizar esses dados, ela fazia essas filmagens, por meio de videochamadas. Nesse contexto, ele passou a captar essas imagens sem o conhecimento da namorada”, explicou o delegado à frente das investigações Arthur Benício.
Dominação
Ao tomar conhecimento de que o suspeito possuía um relacionamento virtual simultâneo com outra mulher, a jovem entrou em contato com ela para informar sobre o namoro dos dois. Em razão disso, o suspeito passou a torturar a vítima, ameaçando expor vídeos e imagens nuas da jovem e os conteúdos da automutilação, além de prejudicar todos os entes da vítima mediante o vazamento dos dados pessoais deles.
O homem exigia que a jovem mentisse para a outra mulher sobre a existência do relacionamento entre os dois. Diante da negativa da vítima em desmentir o namoro, o suspeito criou um grupo em aplicativo de troca de mensagens, com diversos usuários, e espalhou vídeos e fotos contendo cenas de nudez da vítima e das automutilações.
De acordo com Arthur, como condição para retirar as imagens do grupo, o suspeito exigiu que a jovem gravasse um vídeo agredindo a si mesma com golpes no rosto e pedindo desculpas.
“Por meio de investigações, constatamos que tudo isso tinha como pano de fundo uma questão racial”, contou o delegado, acrescentando que a jovem sofreu por diversas vezes injúrias raciais por parte do suspeito, o qual veiculava conteúdo de apologia ao nazismo, além de ofendê-la com expressões racistas.
Investigação
Ao denunciar o crime, a vítima foi encaminhada ao Instituto Médico-Legal Dr. André Roquette para realização do exame de corpo de delito, o qual constatou as lesões provocadas por instrumento cortante na região dos seios e na barriga.
Após obter informações de que o investigado já havia sido anteriormente preso em São Paulo, em razão de um processo em trâmite em São José dos Campos, foi solicitada medida cautelar de compartilhamento de provas, que foi deferida pelo Poder Judiciário.
Assim, foi possível confrontar as linhas e números de IMEI dos dispositivos do investigado, arrecadados na oportunidade, com aqueles usados pelo suspeito para as práticas criminosas contra a vítima mineira, verificando-se a coincidência de tais linhas.
No momento da prisão, o investigado confessou a prática dos crimes e afirmou que agiu dessa forma para submeter a vítima ao seu poder, bem como para alcançar mais seguidores nas redes sociais.
Durante levantamentos, a PCMG constatou ainda que o investigado estava envolvido na veiculação de ameaça de massacres escolares.
O homem foi encaminhado ao sistema prisional paulista.
FONTE: ASCOM-PCMG