Na semana passada, Poços de Caldas foi marcada por uma triste estatística: três casos de suicídios em três dias seguidos. Embora o tema tenha ganhado destaque em setembro, durante a Campanha Setembro Amarelo, é necessário abordá-lo durante todo o ano.
O jornalismo da Onda Poços conversou com a professora e doutora Fernanda Mendes Resende que ministra aula de psicologia social no curso de Psicologia da PUC Minas em Poços de Caldas. Entre os assuntos abordados dentro deste tema, está como as pessoas próximas podem identificar sinais de alerta e como podem contribuir para o bem-estar de seus filhos.
Fernanda pontua que o diálogo constante é um forte aliado. “O ideal é que as famílias tenham momentos constantes diários de diálogos. Portanto, para que eu possa perceber se alguém da minha família não está bem e está com indício de depressão, eu preciso conhecer essa pessoa. E isso tem ficado muitas vezes de lado, pois, as pessoas têm ficado muito nas telas. Isso inclui tv, celular, computador, jogos, e a gente tem prestado menos atenção nas pessoas. Nós precisamos largar as telas, termos momentos em que não estejamos nelas, a família inteira, seja o almoço, seja uma vez por dia, para que as pessoas possam saber o que se passa na vida das outras, na escola, no trabalho”, explica.
A psicóloga também alerta sobre não confundir os sinais. “O adolescente tende a se fechar para a família e esse é bom sinal quando ele está em um caminho não-patológico. Porque o adolescente tem que romper mesmo com a família, para ir para fora, para sociedade, mas não da para confundir esse fechamento do adolescente com uma completa desassociação da família. Temos que perguntar como está na escola, caso trabalhe, como está o trabalho, ficar antenado no que o interesse se no esporte ou em jogo”, explica. Ainda conforme Fernanda, partindo do princípio de que as pessoas conhecem quem está perto delas, vale observar se a pessoa está com mudanças de humor diferente das normais, se está mais triste, ansiosa, se demonstra mais sentimentos de pessimismo, se está mais irritada, com mais fadiga. Porém, reforça o cuidado para não confundir. “Pois no fim de ano, férias escolares, os adolescentes ficam mais desanimados mesmo. Temos que ficar atentos se é apenas uma perda de interesse, ou desânimo, cansaço porque é fim de ano e todos nós estamos cansados, ou se é além do que a gente poderia esperar”, orienta.
A professora explica que sinais físicos também podem chamar a atenção como perda de apetite e dor de cabeça.
Fernanda destaca a diferença na forma como os adultos lidam com as questões emocionais, sendo mais condescendentes com amigos adultos em comparação com as complexidades enfrentadas pelos adolescentes. Ela questiona essa discrepância e ressalta a importância de acolher as questões relacionadas à adolescência da mesma maneira.
Pais também precisam de auxílio
A psicóloga explica que mães e pais de adolescentes também precisam de auxílio, enfatiza a necessidade de buscar apoio por meio de terapia, participação em grupos de suporte específicos para pais e mães, pois através desse apoio as famílias podem aprender a lidar com os desafios da adolescência compartilhando experiências e orientação para enfrentar esse período crucial na vida de seus filhos.
Canais de ajuda acessíveis e gratuitos para cuidar da saúde mental
Fernanda Mendes Resende destaca a importância de ter cautela ao buscar auxílio na internet, especialmente diante de aplicativos que prometem atendimento psicológico, muitas vezes sem garantias de qualidade. Ela alerta sobre abordagens duvidosas e sugere uma alternativa emergencial: o Centro de Valorização da Vida (CVV), acessível 24 horas por dia, através do número 188, onde pessoas capacitadas estão prontas para oferecer suporte emocional.
No entanto, Fernanda ressalta que o ideal é que a pessoa procure uma terapia. Em Poços de Caldas, ela destaca a opção acessível e gratuita: a Clínica Escola de Psicologia da PUC Minas.
A importância de falar sobre saúde mental
Para finalizar, a psicóloga explica que é importante falar sobre saúde mental. “É necessário falar sobre a saúde mental para cuidarmos das crianças e dos adolescentes para que nós tenhamos adultos mais felizes. Não queremos que ninguém sofra, vamos passar por muita coisa nessa vida, momentos felizes, momentos tristes, mas essa balança precisa pesar mais para o lado da alegria”, finaliza.
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