O Centro Cultural Afro-Brasileiro- Poços de Caldas, o Chico Rei realiza neste sábado,17, às 18h, a quinta Prosa Preta, uma live sobre democracia racial. O tema abordado é “O mito da democracia racial”. Para falar sobre o assunto, foram convidados Nivalde Francisco Gonçalves especialista em direito penal e o professor do curso de direito da Puc Minas Ezio Freeza Filho além de Luiz Eduardo Gabriel Torres Eduardo advogado membro da OAB jovem de Poços de Caldas.
De acordo com a diretora cultural Lucia Vera Lima, o evento discutirá as estruturas raciais, culturais e políticas que cerceiam os direitos dos negros. “ O evento vai oportunizar a compreensão de todos de como que estas desigualdades afetam a população preta. A democracia racial requer pensar em uma sociedade e que todas as pessoas sejam livres e tenham direitos iguais. Esta oportunidade será muito boa para que gente dialogo e tenha esse entendimento”, explica.
Luiz Eduardo também falou com o jornalismo da Onda Poços e detalhou a importância de abordar este tema.
“Para entender melhor o que nós vamos falar nessa reunião eu faço a seguinte pergunta: Existe democracia racial no Brasil? E a resposta imediata seria não, mas por quê? Porque embora no Brasil não tenha nenhuma legislação que explicitamente segregue o indivíduo por seu tom de pele, diferente dos Estados Unidos, por exemplo que até meados da década de 60, existiam normas vigentes de segregação racial. Aqui no Brasil a gente vive um contexto gravíssimo de estrutura de racismo estrutural. Existem normas penais que tem o objetivo de punir o racismo, mas na prática a gente consegue observar resultados ineficazes, justamente porque existe um pensamento que foi construído por séculos durante o período em que negros eram escravizados e que perduram até hoje, portanto não basta que não existem normas legais de segregação racial ou mesmo que existam normas que punem os racistas se na prática não há resultado. Então é preciso que a gente entenda que democracia racial não se trata apenas do poder de voto, precisamos avaliar todo o contexto social”, explica.
Ainda de acordo com Luiz o Brasil está longe de uma democracia racial. “Dados alarmantes mostram que nós estamos longe de uma democracia racial. Isso porque o Brasil que tem a maioria da sua população que se declara como negra, só que quando a gente avalia cargos de prestígio social, como médicos, juízes, diretores de grandes empresas, entre outros cargos a gente verifica que a maioria esmagadora desses cargos é ocupada por pessoas brancas. Por outro lado, quando vamos avaliar índices de vítima de violência policial, feminicídio, pobreza, mortalidade infantil, população carcerária, esses números são predominantemente preenchidos por pessoas negras. Isso demonstra a inexistência de uma democracia racial ou pelo menos comprova que esta democracia racial existe só na teoria. Um crescente debate sobre racismo nas mídias e com acesso à internet cada vez mais facilitado a gente consegue montar uma maior conscientização e conhecimento popular sobre este tema que foi tabu durante muito tempo”, analisa.
A transmissão será feita pelas redes sociais do Centro Cultural Afro-Brasileiro Chico Rei.
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