Nesta quarta-feira, 5, o programa Poços em Foco recebeu a psicóloga Fabiana Araújo para uma conversa sobre o tema bullying e suas consequências. A profissional iniciou destacando a importância dos vínculos familiares na formação emocional de crianças e adolescentes. Segundo Fabiana, muitas famílias estão “disfuncionais”, o que tem prejudicado o desenvolvimento saudável dos jovens. Ela explicou que essa falta de estrutura faz com que muitos saiam de casa sem preparo emocional e sem orientação para se defender e se proteger nos ambientes que frequentam.
Sinais de que o jovem pode estar sofrendo bullying
Durante o programa, Fabiana explicou que é possível identificar sinais de que uma criança ou adolescente está sofrendo bullying, mesmo que não fale sobre isso. Entre os indícios, ela citou tristeza constante, desânimo, isolamento e insônia. A psicóloga reforçou a importância da observação dos pais e responsáveis para reconhecer mudanças de comportamento que possam indicar sofrimento emocional.
Papel da escola e da família no enfrentamento do bullying
Fabiana Araújo destacou que a postura da escola é essencial na identificação e no enfrentamento do bullying. Segundo ela, os pais devem manter um contato constante com a instituição de ensino, acompanhando o comportamento dos filhos e conversando sobre possíveis mudanças de atitude. A psicóloga lembrou que muitas vezes as crianças reproduzem na escola comportamentos que aprendem em casa. “Se os pais têm atitudes agressivas, a tendência é que o filho repita isso no convívio escolar”, afirmou. Por isso, defendeu que os responsáveis devem agir com equilíbrio e empatia, servindo de exemplo positivo.
Ações e projetos para promover respeito e empatia
Questionada sobre o que as escolas podem fazer para promover o respeito entre os alunos, Fabiana sugeriu palestras, rodas de conversa e atividades de integração. Essas ações, segundo ela, fortalecem o sentimento de pertencimento dos estudantes à comunidade escolar e aos grupos de convivência.
Acolhimento das vítimas e dos autores de bullying
Fabiana ressaltou que, ao constatar uma situação de bullying, a escola deve acolher tanto a vítima quanto o autor do ato. É importante compreender a origem do comportamento agressivo e envolver os pais de ambos os lados no processo de acompanhamento. A psicóloga também alertou que crianças e adolescentes com pais separados exigem atenção especial, pois podem manifestar raiva ou insegurança em função da separação. Nesse contexto, orientou que os pais conversem abertamente com os filhos, reforçando que continuam sendo amados e cuidados por ambos.
Importância do apoio psicológico nas escolas
Durante a entrevista, a profissional destacou a necessidade de ampliar o apoio psicológico nas escolas públicas e particulares. Segundo ela, muitas instituições ainda não oferecem o suporte necessário, e, em alguns casos, coordenadores escolares acabam assumindo funções que deveriam ser desempenhadas por psicólogos. Fabiana defendeu que as escolas tenham um olhar mais acolhedor e estruturado em relação à saúde mental dos alunos.
Como os pais podem proteger os filhos
Respondendo a uma pergunta de uma ouvinte, Fabiana explicou que os pais podem “blindar” emocionalmente os filhos ao ensiná-los a lidar com críticas e humilhações, além de acompanhar de perto o comportamento e as amizades das crianças. Segundo ela, é fundamental que os jovens aprendam a se posicionar e saibam que podem buscar ajuda quando necessário.
Prevenção e diálogo sobre saúde mental
Para encerrar, Fabiana Araújo reforçou que falar abertamente sobre sofrimento emocional é uma forma de prevenir o suicídio. Ela defendeu a criação de projetos permanentes de prevenção, com rodas de conversa, reuniões e ações educativas ao longo de todo o ano. Esses espaços, segundo a psicóloga, permitem que os estudantes expressem sentimentos e compartilhem situações que possam representar riscos à saúde mental.
