Um diagnóstico inicial da identidade dos moradores do Sul de Minas, realizado pela Universidade Federal de Alfenas (MG), mostrou que a região é a melhor para se viver com qualidade.
“A população é majoritariamente satisfeita com a qualidade de vida na região.” Essa é uma das conclusões do resultado inicial da pesquisa que traçou um diagnóstico da identidade sul-mineira com base em suas características culturais, sociais, econômicas e políticas, bem como a influência das regiões metropolitanas mais próximas (São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro).
Com nível de confiança de 95%, a amostra contou com coleta de dados quantitativos e 1.320 entrevistas com moradores em 20 municípios da região sul-mineira, as quais foram realizadas entre maio e junho de 2022.
Em linhas gerais, os dados apontam que, na percepção dos moradores o Sul de Minas é a melhor região para se viver com qualidade; é um lugar onde as pessoas não se identificam como vulneráveis; é a região mais rica do estado e conserva bem suas paisagens naturais, e onde os serviços públicos são bem avaliados. Além disso, a família e a religião são pontos essenciais na composição da identidade sul-mineira.
Alguns dos principais resultados
Entre as informações levantadas há dados sobre perfil e composição familiar; trabalho, renda, consumo, poupança; religião, valores e expectativas de futuro; opinião pública, comportamento político e mídias sociais; violência, tolerância e direitos humanos, educação e saúde.
Constituído por 162 municípios, o Sul de Minas conta com 2.955.460 habitantes, o que representa 13,4% do total da população do estado de Minas Gerais. Na região, 82% da população é urbana e 18%.
O tamanho dos municípios varia entre aqueles com até 5 mil habitantes e aqueles que chegam até 200 mil habitantes, sendo que a maioria, totalizando 79 municípios, encontra-se na faixa de até 10 mil habitantes. Os municípios que têm entre 50 e 200 mil habitantes somam 12, na região.
Em relação à economia, a pesquisa mostra que o setor de Comércio e Serviços é o setor que mais movimenta o Produto Interno Bruto (PIB) da região, representando 44,6% de todos os bens e serviços. Na sequência vem a Indústria, com 18,6%; os Impostos, com 14,4%; a Administração Pública, com 14,3% e a Agropecuária, com 8%.
Origem e Permanência
De acordo com a pesquisa, 44,8% dos moradores nasceram no município onde residem e 28,4% estão há mais de 20 anos no mesmo município. O principal fluxo migratório vem dos municípios da região intermediária de Varginha (28,1%), de São Paulo (25,8%), da região intermediária de Pouso Alegre (22,9%) e de outras regiões do estado de Minas (12,1%).
Os motivos para permanecer na região estão relacionados com a possibilidade de estar próximo à família e com a oportunidade de trabalho, sendo o trabalho o principal fator motivador da migração para a zona urbana.
Problemas sociais
Fatores como desemprego, saúde e violência são os principais problemas destacados pelos moradores, segundo os quais, a prefeitura municipal é vista como a responsável pela resolução. Em Alfenas e Poços de Caldas, o maior problema apontado é a violência; enquanto em Varginha, o maior problema é o desemprego.
Produção agrícola
Daqueles que vivem na zona rural, 33,6% estão envolvidos na produção agrícola, com destaque para produção de milho, horticultura e feijão. Dos moradores da zona urbana, 13,8% possuem parentes envolvidos na produção, sendo a maioria produtores de café.
Políticas sociais
Na avaliação dos residentes do Sul de Minas em relação às políticas sociais, as zonas rurais são as que apresentam os índices mais baixos. O transporte público é o serviço com pior avaliação e também o mais ausente. Iluminação pública e fornecimento de água são os serviços com melhor avaliação. Mais de 79% dos moradores utilizam o Sistema Único de Saúde e 44,6% utilizam plano de saúde, principalmente, as pessoas com mais renda.
O Auxílio Emergencial e as Universidades Públicas são os programas mais bem avaliados pelos moradores da região. O Bolsa Família/Auxílio Brasil tem a menor Avaliação Positiva. Os Institutos Federais são as instituições mais desconhecidas.
No que diz respeito à pandemia, os governos municipais e estaduais são melhores avaliados que o governo federal e a mídia.
Padrões de consumo
Na avaliação sobre padrões de consumo, a maioria dos moradores faz compras em comércios locais, com destaque para alimentos, e também on-line, sendo por essa última modalidade a escolha para compra de equipamentos eletrônicos, móveis e roupas.
Para os entrevistados, a dificuldade para pagar as despesas diminui conforme aumenta a renda: 29,8% fizeram empréstimo com a principal finalidade de quitar dívidas. Por outro lado, os entrevistados com renda acima de 10 salários mínimos indicaram o financiamento de imóveis como o principal motivo para empréstimos.
Pontos turísticos
Os principais pontos turísticos na região ficam nas cidades de Poços de Caldas, do Circuito das Águas e São Tomé das Letras, sendo que a população de Alfenas cita Furnas como ponto turístico, a de Poços de Caldas cita a própria cidade, e a de Varginha cita o Circuito das Águas.
Lazer
Passear em parques, praças e cachoeiras é a principal atividade de lazer indicada pelos entrevistados, representando 59,6%. Na sequência vem visitas a monumentos históricos (32,5%), idas a show ou concerto (32%), teatro ou dança (15,9%) e exposição de arte (15,9%).
As representações culturais na região se concentram em festas religiosas. Em Alfenas, os moradores indicam também o evento “Velório do Carneiro”; em Poços de Caldas, o Festival UAI, e em Varginha, festa junina.
Formação educacional
No que se refere ao padrão de formação educacional, 87,7% estudaram em escolas públicas (municipal ou estadual) no ensino fundamental, sendo que 41,7% já deixaram a escola um ou mais vezes, e 46,9% foi pela necessidade de trabalhar.
A entrevista também abordou questões relacionadas ao conhecimento das atividades da UNIFAL-MG, o que, conforme os dados, 29,9% dos entrevistados conhecem os serviços de saúde da Universidade, 25,3% não conhecem nenhum serviço prestado pela Instituição; 21,8% têm conhecimento das ações educacionais, 10,7% conhecem a Incubadora Tecnológica, e 9,2% o serviço prestado pelo Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal.
O relatório inicial completo pode ser acessado diretamente na página do projeto, neste link.
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