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Onda entrevista delegada e irmã de vítima de feminicídio

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Feminicídio, um crime que afeta a vida de todos nós. Para falar desse assunto estiveram presentes no estúdio da Rádio Onda, Juliane Emiko, delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) de Poços de Caldas; e Andrezza Vaz, irmã da artista plástica Alessandra Vaz que foi vítima de feminicídio.

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Imagem: Alessandra Vaz e a amiga Daniela

O crime que ceifou a vida de Alessandra aconteceu em 8 de outubro de 2019, em Nova Friburgo no estado do Rio de Janeiro. Rodrigo Alves Marotti foi o responsável pela morte da artista plástica Alessandra dos Santos Vaz e da amiga dela, Daniela Mousinho. Levado ao Tribunal do Júri, em 2021, Rodrigo, ex-namorado de Alessandra, foi condenado pelo crime de incêndio com resultado morte. Alessandra disse que entrou com recurso pedindo que o réu fosse levado a um novo julgamento, desta vez pelo crime de feminicídio, mas os desembargadores da Terceira Câmara Criminal do Rio de Janeiro negaram, por unanimidade, o pedido de anulação de sentença do julgamento do empresário. Hoje em dia ele cumpre pena em regime semi-aberto.

Andrezza Vaz ressaltou que a família ficou revoltada e muito triste com o que ela chama de injustiça. Desde então ela resolveu tentar mudar a vida de outras mulheres para que não aconteça com elas o mesmo que aconteceu com sua irmã. “Eu estava cansada de pedir justiça e como eu vi que não resolveria, decidi alertar outras mulheres sobre o perigo dos relacionamentos abusivos, das situações que podem chegar ao extremo. A minha irmã não volta mais, mas se eu conseguir ajudar uma mulher que seja, já me sentirei realizada porque consegui salvar uma vida”, disse Andrezza.

Como cantora, ela disse aproveitar os shows e eventos que participa com sua banda para disseminar o assunto e alertar as mulheres.

 

A violência contra a mulher cresceu no Brasil em 2023. Dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontam que o número de feminicídios subiu 0,8% em relação ao ano anterior. Foram 1.467 mulheres mortas por razões de gênero, o maior registro desde a publicação da lei que tipifica o crime, em 2015. Também foram verificados aumentos nas taxas de registros de violência doméstica (9,8%), ameaças (16,5%), perseguição/stalking (34,5%), violência psicológica (33,8%) e estupro (6,5%).

Segundo a delegada Juliane Emiko, depois da pandemia foi feita uma pesquisa e se observou um dado preocupante. O número de homicídio em geral diminuiu, mas o número de feminicídio aumentou. A delegada alerta as mulheres a procurarem uma orientação o mais rápido possível. “O feminicídio é um ato extremo do companheiro ou ex-companheiro da mulher, mas na maioria dos casos, os sinais já estão ali a muito tempo. Começa sempre com agressões verbais, tentativas de diminuir a parceira, isolamento do convívio social entre outras, e que cometer o assassinato é a última atitude”, disse a delegada. Ela ainda pede que as mulheres, no menor sinal, peçam ajuda e nunca se afastem dos amigos por causa de um relacionamento. “Uma amiga pode ser a primeira a enxergar o que ela ainda não está vendo”, ressaltou.

A delegada ainda disse que procurar a ajuda policial é primordial  para que as mulheres sejam orientadas sobre que atitudes tomar, além de serem acolhidas. Juliane destaca outro ponto importante, “o número de pedidos de medida protetiva em 2023 aumentaram cerca de 26% em relação a 2022. “O que mostra que a divulgação sobre o assunto está surtindo efeito e que cada dia mais mulheres estão procurando ajuda para sair de relacionamentos abusivos”.

Para tratar desse assunto de uma forma mais abrangente, vai acontecer na próxima sexta-feira, dia 1º de novembro em Poços de Caldas,o evento “Mulher Fênix”.

Segundo Andrezza, esse evento é uma homenagem a sua irmã Alessandra Vaz, artista plástica vítima de feminicídio. O evento acontece no Espaço Cultural da Urca e visa promover uma reflexão sobre a violência contra a mulher por meio da arte e de debates sociais.

Com entrada solidária, o público pode trocar ingressos por 1 kg de alimento não perecível ou um item de higiene pessoal, disponíveis em dois pontos: Vintage (rua Rio de Janeiro, 7) e Marieta Desapega (rua Rio Grande do Sul, 568).

Debates sobre violência contra a mulher

A programação começa às 16h com uma roda de conversa. O debate terá como convidadas Ellen Lopes, advogada e professora, a delegada Juliane Emiko, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Poços de Caldas, Cintia Bernardes Penha, assistente social e gerente do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), e a psicóloga Tatiana Fernandes Vieira Veloso.

Programação artística com música e teatro

O evento também conta com uma programação artística diversificada, que inclui apresentações teatrais e musicais.

A partir das 18h, ocorre a vernissage da exposição com uma apresentação de voz e violão de Jeannine Gentile. Em seguida, às 19h, o palco será ocupado pela banda Opera Rock, que contará com as participações especiais de Bomina Bouças, Jucilene Buosi e Flávio D’Ávila.

O encerramento da noite será marcado pelo show de Chico Chico, filho da icônica cantora Cássia Eller. O evento também inclui a apresentação de esquetes teatrais com os atores Selma Mistura, Mari Mistura e Rafael Lopez, trazendo à cena situações que refletem a realidade de muitas mulheres e buscam despertar a empatia e reflexão do público.

Alessandra Vaz, artista plástica vítima de feminicídio

Evento:
Data: 1º de novembro
Local: Espaço Cultural da Urca, Poços de Caldas
Entrada: solidária, com troca por 1 kg de alimento não perecível ou item de higiene pessoal
Horários:
Roda de conversa: 16h
Vernissage: 18h
Shows: a partir das 19h