Pelo menos oito cachorros passaram mal depois de comerem dois tipos de petiscos com suspeita de contaminação por etilenoglicol. Três deles morreram. A Polícia Civil investiga o caso.
O cachorro do motorista Diego Carlos Dias está com internado em estado grave em Belo Horizonte.
“Na sexta-feira eu fiz a compra e dei pra ele e, no sábado, ele já começou a apresentar vômito, diarreia e bebendo água. Aí eu peguei, corri com ele para o veterinário. O veterinário avaliou ele e falou: ‘internação agora’. Agora ele está fazendo uma transfusão de sangue. Não sei se vai viver”, disse o tutor.
A médica veterinária Júlia Mathias era tutora do John Snow, da raça spitz alemão. Ele teve que passar por vários tratamentos, inclusive por hemodiálise, mas não resistiu. O cãozinho morreu por insuficiência renal.
“Ele ingeriu esse petisco que foi a única coisa diferente que ele consumiu da dieta dele e a gente percebeu que ele começou a ficar muito prostrado, isso no dia seguinte, é não estava aceitando alimentação, estava com um desconforto abdominal, começou a apresentar vômitos e diarreia. Então, eu como sou veterinária, eu logo eu levei ele para atendimento porque eu percebi que ele estava muito muito frustrado e com muito desconforto”, relembrou.
A Júlia é de São Paulo e procurou a Polícia Civil de Minas Gerais quando soube das mortes de outros cães que ingeriram o mesmo petisco, da marca Bassar.
“Aí eu vi que os sintomas eram muito parecidos, a evolução muito rápida e aguda como foi com o meu pet. Então eu entrei em contato com a universidade da UFMG, eu entrei em contato com a delegada do caso. Fui me instruindo, fui sabendo o que eu deveria fazer e entrei em contato com a empresa também. Falei com a responsável técnica. Eu consegui sim fazer o boletim de ocorrência, então está aqui o boletim é e também o o auto de exibição e apreensão do petisco”, contou.
A morte do cachorro da Júlia será investigada em São Paulo e se junta às outras três mortes que estão sendo apuradas em Minas Gerais. No estado são pelo menos oito casos.
O que chama a atenção é que todos os cães são de pequeno porte, comeram os petiscos da mesma marca e em seguida começaram a passar mal. Além do registro da ocorrência, os tutores estão entregando na delegacia o produto para ser periciado.
Dois petiscos serão analisados: o Dental Care e Every Day, fabricados pela Bassar. A principal suspeita é que os cachorros foram intoxicados.
Um dos cães que morreram passou por exame de necrópsia na UFMG. O laudo preliminar relata que “ele apresentava lesões renais graves, associadas a alterações clínicas e metabólicas que causaram a morte. O relatório indica uma intoxicação por etilenoglicol”.
“Aí agora a gente aguarda o laudo definitivo e o material que está na Federal [UFMG] também vai ser periciado pela Polícia Civil bem como os produtos que os tutores trouxeram também estão sendo analisados. Aí, agora a gente aguarda os laudos definitivos do caso”, explicou a delegada Danúbia Quadros.
A TV Globo teve acesso a um dos boletins de ocorrência que deram origem a investigação. O registro foi feito no dia 24 de agosto, a partir de um episódio que aconteceu em maio.
Para os policiais, a tutora relatou que comprou duas embalagens do petisco e que essa era a a única comida processada que o animal fazia uso. Após a ingestão, o cachorro começou a passar mal e precisou de atendimento, pois estava vomitando muito, com diarreia e tremendo.
Ela foi informada que o cão estava com a ureia e creatina muito alta, o que desencadeou um quadro neurológico. No dia 31 de maio foi necessário sacrificá-lo, pois ele estava em sofrimento.
O que dizem os envolvidos
A Polícia Civil informou que já notificou a empresa Bassar para prestar esclarecimentos.
A Bassar declarou que nunca usou etilenoglicol na fabricação dos produtos e, assim que ficou sabendo dos fatos, recolheu o lote para testes.
O Ministério da Agricultura confirmou que recebeu denúncia e investiga o caso.
com informações do G1
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