No Dia Internacional da Mulher, o jornalismo da Onda Poços traz entrevistas com algumas mulheres que se destacaram e destacam por seus trabalhos realizados em Poços de Caldas. Mulheres que trazem reflexões despertadas nesta data e que merecem atenção todos os dias.
Lúcia Vera Lima, diretora cultural do Centro Afro-Brasileiro Chico Rei Poços de Caldas, comenta sobre a data para a mulher negra. “ Reconheço o valor histórico da data, mas sempre me perguntei se nós mulheres negras estamos inseridas nessa data, nossas pautas e reinvindicações são ouvidas, precisamos ganhar força em nossa luta, ocupar espaços de poder, nos enxergarmos no ensino superior etc… Estarmos onde quisermos estar”.
Lucia ainda complementa destacando a diferença entre ser mulher, e ser mulher negra. “ O diálogo não pode se limitar ao 8 de março. As políticas públicas devem ser efetivas, pensadas de forma transversal e intersecional, para população negra, considerando os diversos feminismos”, finaliza.
No cenário político, a participação da mulher ainda tem sido menor. Segundo os dados do TSE Mulher, de 33% de candidatas, apenas 15% foram eleitas.
Em Poços de Caldas, entre os 15 vereadores, apenas duas mulheres. Luzia Teixeira Martins (PDT) e Regina Maria Cioffi Batagini (PP).
Regina foi a primeira mulher a ocupar a presidência da Câmara Municipal de Poços de Caldas. “Em 150 anos, a primeira mulher a ocupar a presidência do poder legislativo na cidade, uma cidade ainda machista, como no Brasil e no mundo todo. Conseguimos mostrar que nós somos competentes e que damos conta do recado sim”.
A vereadora também falou sobre a sua concepção de reflexão nesta data. “É um dia de reflexão não só para nós mulheres, mas também para os homens. E o feminismo para mim não é guerra. Não é sair brigando, gritando E sim, o feminismo é a gente lutar unidas pela igualdade. Pela igualdade de direitos, pelo respeito, pela liberdade. Isso é o feminismo. Na minha concepção. E em muitos aspectos que nós já conseguimos galgar, um dos aspectos que eu considero muito importante, é a luta pela representatividade da mulher e pelo protagonismo da mulher na política. Porque apesar dos avanços que nós tivemos nas últimas décadas ainda há uma sub-representação significativa das mulheres nos cargos políticos”, finaliza.
A vereadora Luzia também conversou com o jornalismo da Onda Poços, sobre a participação das mulheres na política. “ É uma data de hoje que nos remete a uma reflexão do que nós mulheres estamos fazendo para mudar o nosso entorno, nossa casa, porque nós somos as detentoras maiores dos usos dos espaços públicos, dos serviços público. E qual é a nossa participação na criação de políticas públicas que nos atendam? São as mulheres que geram os filhos, que vão à escola que utiliza os serviços públicos da saúde, do esporte, então ela tem que participar da construção das políticas públicas que proporcionam aos nossos filhos, aos nossos netos. A mulher tem que ter voz, e ver estas discussões, há muito o que fazer, há muito que caminhar porque nós somos 53% dos eleitores, e a representatividade é muito baixa”.
A empresária Gisele Ferreira Corrêa que está à frente de grandes eventos realizados em Poços de Caldas, como o Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços) e Feira Nacional do Livro, também comenta sobre a pausa para a reflexão nesta data. “O Dia Internacional da Mulher, na verdade é uma data mais voltada para o comercial, mas faz uma pausa para a reflexão. É um dia que a sociedade internacional se volta para as causas femininas, suas questões de vida, suas lutas diárias e seus protagonismos nas mais variadas atuações. No meu caso, o dia da mulher é todo dia e sempre. É uma busca constante pela consciência, respeito, cumplicidade, amizade e afeto, algo que praticamos diariamente dentro da GSC sendo uma empresa 100% formada por profissionais mulheres.
No esporte, Tatiele de Carvalho se consagrou como atleta olímpica em 2016 no Rio de Janeiro, levou o nome da cidade natal para o mundo. Entre as inúmeras conquistas, a mais recente foi a primeira colocação da Corrida Volta Ao Cristo Unimed, após 32 anos. A atleta também relata refletir neste dia. “ Eu reflito muito nesse dia, pois, hoje eu vejo que minhas avós, minha mãe, não tiveram a oportunidade que eu estou tendo hoje, paro para pensar nas mulheres do passado que não tinham oportunidades, apenas cuidavam da casa e dos filhos e hoje temos grandes líderes mulheres, que ocupam cargos que no passado eram masculinos. Ter uma data para nós é sensacional, pois mostra o nosso verdadeiro valor, o real significado de ser mulher”.
Tatiele apontou ainda, a diferença na premiação entre atletas homens e mulheres, logo no início da carreira. “Sou mulher, atleta, isso me inspira mais ainda, pois lembro quando comecei a correr, que a premiação dos homens era muito maior do que das mulheres, mesmo nós correndo a mesma distância do que eles, sofrendo da mesma maneira. Hoje eu não vejo mais a mulher como o sexo frágil, hoje eu vejo a mulher como a soma da garra, da força, da coragem, da superação. Me orgulho muito em ser mulher e ainda mais atleta e poder ter conquistado o meu espaço onde a um tempo atrás era considerado esporte masculino”, finaliza.
Ana Paula Tranche, presidente voluntária na Associação dos Deficientes Físicos de Poços de Caldas (Adefip) esteve no Programa Onda Mais nesta data, e na ocasião, também trouxe a reflexão sobre identificar o papel da mulher na sociedade.
“Eu costumo dizer, brincar um pouco que o dia das mulheres é todo dia, mas é igual como muitas vezes a gente briga por uma lei, aí ela precisa instituir um dia para que de fato seja aquele momento de reflexão para poder entender aonde está, qual o nosso papel dentro da sociedade? Aonde a gente está? Como que a gente pode atuar mais? Então o dia das mulheres ao meu ver, representa exatamente esse momento de reflexão. Para a gente poder olhar um pouco para nós mesmo e entender qual o nosso papel. Qual que é o papel da mulher hoje na sociedade? Hoje a gente vê que a que a mulher hoje trabalha fora, ela é dona de casa, ela é mãe. Então ela tem múltiplos papéis e que precisa ser mais atuante. Mas a gente ainda vê que ainda existe um percurso ainda para se caminhar”, disse Ana.
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