Motoboys e motoristas de aplicativos de entrega de alimentos e outros serviços em Poços de Caldas aderiram à greve nacional, que começou nesta segunda-feira (31) e segue hoje (1), com a finalidade de reivindicar melhores condições de trabalho e remuneração. O movimento, batizado de “Breque dos APPs”, tomou as ruas das principais cidades do Brasil, e Poços de Caldas não ficou de fora.
Clique aqui e participe do grupo de notícias da Onda Poços no WhatsApp 📲
Na terça-feira (1), um grupo de entregadores se reuniu no centro da cidade para protestar, realizando um buzinasso e demonstrando insatisfação com as condições impostas pelas plataformas digitais. O ato chama a atenção para os baixos valores pagos por entrega, a precarização das condições de trabalho e a falta de valorização dos trabalhadores, que, segundo os manifestantes, enfrentam jornadas longas e mal remuneradas.
Os pedidos dos entregadores, inicialmente levantados por trabalhadores em São Paulo, foram replicados em diversas cidades do Brasil. Entre as principais demandas estão: um pagamento mínimo de R$10 por entrega, R$2,50 por quilômetro rodado, a limitação de três quilômetros para entregas feitas por bicicletas e o fim do agrupamento de entregas sem compensação extra. Os trabalhadores também exigem melhores condições de trabalho e maior transparência nas práticas das plataformas, que, segundo eles, têm imposto uma relação de “escravidão moderna” aos entregadores.
“Na pandemia, éramos chamados de heróis. Hoje, somos ignorados e mal pagos. Não dá para aguentar mais”, afirmou Edgar, um dos líderes do movimento em Poços de Caldas. Ele também ressaltou que as reivindicações não são novas e já foram comunicadas às plataformas, mas sem resposta efetiva até o momento.
O movimento “Breque dos APPs” surgiu a partir da insatisfação crescente entre os entregadores, que se sentiram desvalorizados após o aumento da demanda durante a pandemia de 2020. Embora a profissão já existisse antes, foi nesse período que os serviços de entrega de alimentos se tornaram ainda mais essenciais. “Durante a pandemia, éramos tratados como heróis, mas esses heróis não recebem o valor devido”, completou Edgar.
O que diz o IFood?
Em nota, o iFood, um dos maiores players do mercado, declarou que respeita o direito dos entregadores à manifestação pacífica e que mantém uma agenda constante de diálogo com os trabalhadores. A plataforma também ressaltou que está avaliando um possível reajuste na taxa mínima de entrega para 2025, destacando o aumento da taxa mínima de entrega de R$ 5,31 para R$ 6,50 entre 2022 e 2023, e a elevação de 50% no valor pago por quilômetro rodado, que passou de R$ 1,00 para R$ 1,50.
Além disso, o iFood mencionou um adicional de R$ 3,00 para entregas agrupadas, que entrou em vigor em 2024. A empresa argumentou que o ganho bruto por hora trabalhada na plataforma é quatro vezes maior do que o salário mínimo-hora nacional. A companhia também destacou benefícios como seguro pessoal gratuito para acidentes durante as entregas, planos de saúde, suporte jurídico e psicológico, e programas educacionais.
Os entregadores ressaltam que o movimento visa não prejudicar os estabelecimentos parceiros nem a circulação da população, mas sim chamar atenção para as condições de trabalho e a necessidade de mudanças nas políticas das plataformas. “Estamos abertos ao diálogo, mas as mudanças precisam acontecer já”, concluiu o porta-voz.