Se você é de Poços de Caldas (MG), deve conhecer o Valter, ou melhor, “Cigano”, como é chamado pelos amigos. Ele tem 62 anos e mora na rua, ficou conhecido quando lançou o livro “E o maluco sou eu?”.
No Dia Nacional da Luta das Pessoas em Situação de Rua, conversamos com Cigano e ele contou por qual motivo foi parar na rua, como é viver desse jeito, seus sonhos e qual ajuda recebe.
“Ninguém está na rua porque quer, ninguém gosta de rua, ela não presta nem pra mim, nem pra ninguém. Mas tem uma hora que não tem outra opção, cê tem que ir”, disse.
Encarregado de empresa, uma casa para morar e uma vida que estava na normalidade, mas a não aceitação de sua homossexualidade por parte da família, o fez preferir a rua do que sua casa. “Se você é bicha, homossexual, uma lésbica, os primeiros que vão te tocar de casa, são os parentes”, comentou.
Há três anos nessa situação, Cigano diz que seu maior sonho é voltar a ter uma casa. “Ficar quietinho, fazer um café da manhã, um arroz e um feijão”.
Sobre ajuda, comenta que muitas pessoas são solidárias, mas critica campanhas que incentivam a não dar esmola. Na cidade, há placas dizendo: “Poços não dá esmola, oferece atendimento”. Ele rebate: “Como não dar [esmola]? Se eu não tenho dinheiro, não tem como me alimentar”.
E como a prefeitura pode ajudar a melhorar a situação dos moradores de rua?
Cigano acredita que não é só levar para um abrigo, passar a noite e “dar café”, mas oferecer oportunidade como cursos profissionalizantes e técnicos e um local para morar. Ele destaca que pessoas vivendo na rua são inteligentes e capazes.
Pra finalizar, o que Cigano espera da sociedade? De bate-pronto, dispara: “pessoas que trazem prosperidade”.
Prefeitura faz programação especial na semana
Em referência ao Dia Nacional de Luta das Pessoas em Situação de Rua, a prefeitura recebeu três vans do Governo Federal para o Serviço de Abordagem Social da Secretaria Municipal de Promoção Social, responsável pela busca ativa, atendimento inicial e encaminhamento de pessoas em situação de rua na cidade.
Também teve um café da manhã especial para os usuários do Centro de Referência Especializado no Atendimento à População em Situação de Rua, o Centro POP. Esse local “oferece serviços como banho e refeição, café da manhã e almoço, além dos encaminhamentos necessários não só para as instituições de acolhimento como também para retorno à cidade de origem, retirada de segunda via de documentos pessoais e acesso a benefícios sociais, por exemplo”, explica o secretário municipal de Promoção Social, Carlos Eduardo Almeida.
A prefeitura faz uma programação especial. Na quarta-feira (18), foi realizada a transmissão ao vivo: “Sim, é possível: um olhar para além da rua”, com palestras e debates sobre o tema. Também há uma exposição de fotos disponível a partir desta quinta-feira (19), com olhares sobre histórias reais de pessoas em situação de rua, na Câmara Municipal e no Terminal Rodoviário. A exposição também estará no Mercado Municipal, nesta sexta-feira (20).
Campanha “Poços não dá esmola, oferece atendimento”
Em 2019, a prefeitura publicou uma explicação para a campanha. Nela, direciona as pessoas em situação de rua para o serviço social para que possam se reintegrar na sociedade. Também disse que “a esmola financia a permanência das pessoas na rua, estimulando a mendicância profissional, além do consumo de álcool e drogas. Isso impede que as pessoas acessem os serviços ofertados pelo município, que têm por objetivo oferecer oportunidades de reintegração social”.
A população pode ajudar acionando a equipe de abordagem. Basta ligar 156 ou 3697-2645. O Centro POP está localizado à Avenida João Pinheiro, 551. A medida visa ampliar a cobertura do atendimento a essa população.
Receba as notícias através do grupo oficial do jornalismo da Onda Poços no seu WhatsApp. Não se preocupe, somente nossos administradores poderão fazer publicações, evitando assim conteúdos impróprios e inadequados. Clique no link abaixo: