Nesta terça-feira, 13 de maio, feriado municipal da Festa de São Benedito em Poços de Caldas, a programação religiosa e cultural dos festejos será encerrada com Missa e Procissão Solene. Às 10h, na Capela de São Benedito, será realizada a missa festiva presidida pelo Bispo Diocesano Dom José Lanza Neto, com a presença dos Ternos de Congos e Caiapós. Já às 16h, tem início a procissão solene, com saída da Capela de São Benedito, percorrendo as ruas da região central da cidade, retornando à capela e encerrando a programação cultural e religiosa dos festejos centenários.
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O 13 de maio é o dia solene da Festa de São Benedito, quando sacerdotes, congadeiros e devotos se unem nas celebrações, tanto na procissão quanto na missa. “A tradição começou com nossos antepassados que foram lutando para cada vez mais conseguir espaço para mostrar sua devoção. E isso foi influenciando a nova geração a não deixar perder essa festividade. Essa festa é grandiosa porque envolve várias comunidades e várias gerações”, destaca a presidente da Associação de Ternos de Congos e Caiapós de Poços de Caldas, Eduarda Carimbá.
A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, mantém Termo de Cooperação com a Associação e, anualmente, repassa recursos para auxiliar na manutenção dos Ternos de Congos e Caiapós. Fazem parte da Associação seis Ternos de Congos: São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo, Santa Bárbara e São Gerônimo, Santa Efigênia e Nossa Senhora da Saúde; e dois Grupos de Caiapós: São José e Vila Cruz.
“A festa de São Benedito é a maior festa religiosa e cultural de Poços de Caldas. Segundo os registros históricos, são pelo menos 120 anos de festa, com grande mobilização de pessoas para saudar São Benedito, além de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, tendo os Ternos de Congos e Caiapós como guardiões da tradição”, ressalta o secretário municipal de Cultura, Nando Gonçalves.
Tradição
Tradição centenária na cidade de Poços de Caldas, os Ternos de Congos são a expressão máxima da Festa de São Benedito, realizada ao menos desde 1904, data do primeiro registro preservado que garante a sua execução, ainda na então Freguesia da Nossa Senhora da Saúde das Águas de Caldas. A festa de São Benedito é registrada como bem imaterial desde 2020.
Os tambores reverenciam a fé e a devoção do povo ao Santo Negro, marca do sincretismo tão característico da cultura mineira. Segundo o Dossiê de Registro do Bem Imaterial Festa de São Benedito de Poços de Caldas, elaborado pela Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento, “o Congado é uma dança que lembra a coroação do Rei Congo e da Rainha Ginga de Angola, acompanhado de um cortejo compassado, levantamento de mastros e música. Esta manifestação cultural e religiosa, de influência africana, ocorre em algumas regiões do Brasil, tendo por temas a devoção a São Benedito e o encontro da imagem de Nossa Senhora do Rosário”. Em Poços de Caldas, a tradição está ligada também aos Grupos de Caiapós, irmanados aos negros.
Em entrevista realizada no ano de 2019, a mestra de Cultura Popular pelo Ministério da Cultura e então capitã do Terno de Congo Santa Bárbara e São Gerônimo, Dona Orlanda da Conceição, falou da fé e da devoção que move o Congado. “A importância maior é São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Vem de família, dos meus avós, do meu pai, da minha mãe e eu fiquei sendo a capitã”. Dona Orlanda faleceu no ano passado, aos 96 anos.
13 de maio
De acordo com a pesquisadora e escritora Maria José de Souza, a Tita, em “Reinado e Poder no Sul das Minas Gerais” (2015, p.94) “o dia 13 de Maio foi escolhido para a Festa por ser o dia do aniversário do coronel Agostinho, nascido em 13 de maio de 1846, conforme o senhor Mário Benedicto Costa, neto e filho de congadeiros, em entrevista realizada no ano de 1976, ao afirmar que ele acompanhava o grupo todos os anos até a residência do coronel, onde, hoje, está localizado o Museu Histórico e Geográfico; ali eles recebiam um farto almoço e dançavam a tarde toda até a hora de subir para a procissão, no que eram acompanhados por aquele benemérito”. (SOUZA, Maria José de. Reinado e Poder no Sul das Minas Gerais. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2015, p. 94).
