Embarcou na China nesta quinta-feira, 30 de abril, um lote com 1,46 milhão de testes rápidos para COVID-19 importados pela Celer Biotecnologia da Wondfo —um dos quatro fabricantes do país asiático que tem a confiabilidade atestada pela FDA (Food and Drug Administration). Os testes que desembarcam no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, no dia 1º de maio, são destinados a empresas privadas e grandes distribuidores. Um dos focos desses clientes é a testagem da população para restabelecimento de atividades econômicas.
“Para a testagem em larga escala é recomendada a utilização de um teste de fácil logística, fácil aplicação e com custo acessível para que ele alcance uma maior parcela da população, não apenas aquela que se concentra nos grandes centros. Essa ferramenta sem dúvida é o teste rápido”, argumenta Denilson Laudares Rodrigues, pesquisador e CEO da Celer Biotecnologia. Ele observa que o teste de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) demanda maiores custo, capacitação técnica, infraestrutura laboratorial e até mesmo tempo para obtenção de resultado, por isso não é nada viável para a testagem em massa.
“Para a retomada das atividades empresariais temos aconselhado aos nossos clientes que o melhor caminho é o da testagem periódica, feita nas empresas por profissionais de saúde, em uma rotina a cada 15 dias”, completa o pesquisador. Assim, os casos positivos detectados nesse protocolo de testagem recorrente devem ser direcionados para um acompanhamento clínico que fará a testagem confirmatória em laboratório valendo-se da metodologia de biologia molecular (PCR). “Com a definição de quarentena para os casos detectados será evitada a proliferação do vírus em grande parte da equipe”, esclarece Denilson. Ele conta que algumas empresas já estão, inclusive, estudando a possibilidade estender essa testagem entre os familiares dos colaboradores, sempre acompanhado por um profissional de saúde competente e habilitado para tal.
Testes rápidos para COVID-19 para que indústrias retomem suas atividades
O especialista conta que a testagem em massa é o cenário ideal para fazer as indústrias restabelecerem as atividades com sua força total de trabalho. Mas, caso isso não seja possível, pela questão logística ou financeira, ele recomenda que o departamento médico dessas empresas faça um acompanhamento mais estreito da equipe com uma seleção da amostra, ou seja, deve-se fazer um acompanhamento estatístico da testagem em grupos de indivíduos dentro de setores e áreas, além, é, claro, da análise clínica de sintomas. Empresas que não possuem serviço de saúde interno, deverão estabelecer parcerias com laboratórios de análises clínicas, que são os profissionais habilitados para esse trabalho.
As amostras precisam ser heterogêneas, já que o vírus não tem um padrão de contágio. “Dos mais jovens às pessoas dos grupos de risco, todos são fonte de propagação e devem estar representados na amostragem das testagens empresariais. O objetivo é identificar os casos infectados, isolá-los para tratamento e evitar a infecção da equipe. A ideia é que o contato das pessoas com o vírus seja gradativo para não colapsar a atividade produtiva, assim como têm sido feitas as iniciativas governamentais para não colapsar o sistema de saúde. A testagem recorrente permite isso”, reforça Denilson.
Além dos 1,46 milhão de unidades do One Step COVID-19 Test, a Celer tem previsão de receber mais 5 milhões de testes, encomendados em pré-venda pelos clientes, fracionados em entregas de 1 milhão a cada 10 dias (estimado). Já foram distribuídos no Brasil 3,2 milhões, do One Step COVID-19 Test que, inclusive, é a marca doada pela Vale ao Governo Federal.
O teste em questão teve sua confiabilidade atestada pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), resultando que consta no Boletim Epidemiológico No 8 do Ministério da Saúde (ME).
Como funciona o teste rápido?
Os testes rápidos para COVID-19 detecta a presença de anticorpos do tipo IgM (imunoglobulina M) e IgG (imunoglobulina G) nas amostras coletadas. Portanto, para que o teste tenha maior assertividade, a indicação é que ele seja utilizado 10 dias após o contato do paciente com o vírus, ou de 7 a 14 dias após o aparecimento de sintomas.
Os períodos indicados se fazem necessários porque a produção de tais anticorpos ocorre somente a partir do momento em que o sistema imunológico reconhece o vírus. Isto é, a amostra a ser analisada precisa conter um número suficiente dos anticorpos.
A forma de coleta e a manipulação da amostra têm igual importância nos processos. O teste deve ser realizado com pelo menos 10 microlitros de amostra do paciente, coletados a partir do sangue total, soro ou plasma. O One Step COVID-19 Test pode ser realizado em qualquer unidade de saúde e por um profissional da área, desde que devidamente capacitado. Também é necessária a interpretação técnica por um profissional igualmente capacitado. Isso porque os processos de coleta, armazenamento e manipulação da amostra afetam diretamente a resposta a ser obtida.
Por ser rápido, fator mais importante no atual cenário da pandemia, quando se faz necessário separar rapidamente casos potenciais para evitar a propagação da doença, o One Step COVID-19 Test garante análises otimizadas e funciona como um teste para auxílio no diagnóstico. O resultado negativo pode indicar ausência de infecção ou infecção precoce. O positivo, por sua vez, determina a alta probabilidade de infecção por coronavírus, sendo necessária a confirmação por uma metodologia mais específica, como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), em conjunto com análise e acompanhamento clínico do paciente.