A contadora Andreza Pizol foi a convidada do programa Poços em Foco nesta quinta-feira, 2, para comentar a recente aprovação pela Câmara dos Deputados da nova faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas. A medida, que isenta do imposto quem recebe até R$ 5 mil por mês, ainda precisa ser analisada pelo Senado. Durante a entrevista, Andreza respondeu a uma série de perguntas sobre os impactos práticos e técnicos da mudança.
Impacto da nova faixa de isenção na prática
Segundo Andreza Pizol, a nova faixa de isenção representa um alívio significativo para milhões de brasileiros. “Na prática, quem ganha até R$ 5 mil mensais ficará isento do desconto do Imposto de Renda diretamente na folha de pagamento, o que aumenta o salário líquido e o poder de compra dessas pessoas”, explicou.
Ela destaca que os principais beneficiados são os trabalhadores da classe média que, até então, pagavam alíquotas progressivas mesmo com rendimentos relativamente baixos.
Quando a mudança passa a valer?
Andreza esclareceu que a nova faixa de isenção, se aprovada pelo Senado, entra em vigor em 2026.
Sobre as expectativas dos especialistas, a contadora avalia que a medida é positiva, mas ainda insuficiente. “A correção é bem-vinda, mas muitos profissionais da área contábil esperam uma reformulação mais ampla e justa do sistema tributário brasileiro”, pontuou.
Salário líquido e riscos de mudança de faixa
Com a nova regra, trabalhadores que recebem até R$ 5 mil terão um aumento no salário líquido, já que deixarão de ter a dedução do IR. “Esse valor volta diretamente para o bolso do trabalhador”, disse Andreza.
No entanto, ela alerta para um ponto importante: o risco de “pular de faixa” com o recebimento de adicionais, como horas extras, bônus ou comissões. “Esses rendimentos extras podem empurrar o contribuinte para uma faixa superior, fazendo com que ele volte a ser tributado. Mesmo que a base fixa esteja dentro da faixa de isenção, os rendimentos eventuais podem gerar imposto a pagar”, explicou.
E quem ganha pouco acima dos R$ 5 mil?
Para quem ganha pouco acima do limite de isenção, Andreza afirma que o impacto tributário ainda é pequeno, devido à progressividade da tabela.
Obrigatoriedade da declaração
Mesmo com a isenção, a contadora lembra que alguns contribuintes ainda precisarão declarar o Imposto de Renda. “A isenção do imposto não significa, necessariamente, isenção da obrigação de declarar. Outros critérios, como posse de bens, rendimentos isentos ou aplicação em bolsa de valores, podem obrigar o contribuinte a prestar contas à Receita Federal”, alertou.
Impacto na arrecadação e expectativas para reformas
A medida tem impacto direto na arrecadação federal. Estima-se que a renúncia fiscal com a nova faixa de isenção ultrapasse os R$ 25 bilhões anuais. Andreza afirma que o governo precisará buscar alternativas para compensar essa perda.
Por fim, a contadora demonstrou expectativas positivas quanto às próximas fases da reforma tributária. “Esperamos uma reformulação mais profunda no IRPF, com maior justiça tributária, ampliação das faixas e uma política que reduza o peso da carga sobre os trabalhadores assalariados”. Confira a entrevista abaixo.