A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) obteve a tão aguardada licença ambiental para dar início ao descomissionamento da planta de Caldas, a primeira unidade de exploração de urânio no país. A autorização do Ibama, que foi conquistada após mais de 30 anos de espera, permite que a estatal inicie o processo de desmontagem da mina, que operou entre 1982 e 1995. No entanto, esse avanço vem acompanhado de um imenso desafio: o descarte de milhões de toneladas de resíduos radioativos acumulados ao longo das décadas.
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Atualmente, cerca de 19.600 tambores metálicos, cada um contendo 285 litros de resíduos radioativos conhecidos como “torta 2”, estão armazenados no local, além de 19.175 bombonas plásticas de 100 litros. A previsão é de que o custo para tratar e descartar esse material ultrapasse R$ 1,2 bilhões, um valor que a INB, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, não tem em caixa.
Em busca de uma solução, a estatal está tentando vender o material para países interessados em processá-lo, com destaque para a China, que demonstrou maior interesse. Até agora, nenhum acordo foi fechado, apesar de visitas de representantes de diversos países como Rússia, Índia, Canadá, França e Coreia do Sul.
O custo total do desmonte e da recuperação ambiental de Caldas foi inicialmente estimado em US$ 500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões), mas esse valor foi reduzido após a revisão da estratégia, que inclui a venda do resíduo radioativo. Durante a operação da mina, a INB processou 2,3 milhões de toneladas de minério e gerou 108,1 milhões de toneladas de estéril, material que foi depositado em várias áreas ao redor da planta.
A exploração de urânio no Brasil tem como principal objetivo extrair o material que é utilizado na produção de combustível para as usinas nucleares de Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro. O processo de fabricação inclui uma etapa realizada no Exterior.
Hoje, a produção de urânio nacional está concentrada em Caetité, na Bahia. Em outubro do ano passado, a INB entregou novos estudos para dar andamento ao chamado Projeto Santa Quitéria (PSQ), previsto para ser instalado na pequena Santa Quitéria, cidade cearense de 40 mil habitantes localizada no meio da caatinga, a 200 km de Fortaleza, de onde pretende arrancar do solo 2.300 toneladas de concentrado de urânio por ano.