Nesta quarta-feira,07, celebra-se o feriado da Independência do Brasil declarada há 200 anos. Para falar sobre esta data e seu significado, o jornalismo da Onda Poços conversou com o historiador Wellington Rafael.
O historiador inicia explicando que a independência não foi revolucionária, tão pouco romântica. “ Ao contrário, é preciso compreender que ela foi um golpe das elites, sobretudo do Rio de Janeiro em torno de Dom Pedro Primeiro que garantiria não só o não desmembramento do Estado, mas garantiria sobretudo o sistema escravocrata. Já neste período se dizia inclusive que a independência criou um Estado e não uma nação. Isso por que naquele ano de 1822 não existia Brasil. Brasil era um referência às províncias portuguesas na América do Sul, então a tentativa do processo de independência foi criar uma história, e aqui é importante frisar que foi uma história europeia; masculina; colonial; uma história imperial como se isso fosse um destino. Neste período inclusive teremos províncias como Pernambuco e Bahia que não assumiram num primeiro momento a independência”, conta.
Processo que segundo o historiado ainda é dividido. Wellington afirma ainda que é uma história ainda mal contada, sendo necessário analisa-la por outros ângulos. “Ela aparece como uma independência sem povo, sem reação popular; uma independência que foi uma anomalia dentro das Américas, visto que criou uma monarquia cercada por diversas repúblicas, que se separaram, se fragmentaram virando pequenos países se tornando repúblicas e abolindo a escravidão, isso anos antes do Brasil”, explica.
Reflexão
O historiador finaliza com um convite para reflexão sobre o que comemorar neste sete de setembro. “Que independência vamos querer contar? Que história vamos querer narrar? Uma história tão branca, sem povo que não tem outros grupos sociais, que não inclui negros, indígenas, mulheres. É preciso que se construa uma mudança na própria imaginação histórica dos brasileiros”.
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