O ex-superintendente da Irmandade Hospital Santa Casa de Poços de Caldas, Azer Elias Zenum convocou a imprensa nesta quarta-feira,05, para explicar o motivo de sua demissão, anunciada na sexta-feira,31.
Na ocasião, Azer também respondeu a nota publicada pelo provedor Marcos de Carvalho Dias na qual diz que Azer foi demitido por não ter exercido uma gestão de resultados. Confira um trecho da nota divulgada no dia 02 deste mês:
Desde 1983, portanto há 37 anos, coopero voluntariamente como membro ativo da Irmandade, já tendo acompanhado a gestão de diversas pessoas que por lá passaram, o último deles o Sr. Azér, um homem de bem, de boas intenções, amável no trato, habilidoso para administrar conflitos, porém, que não conseguiu obter êxito na resolutividade dos problemas recorrentes da Santa Casa. O número de empregados da instituição, nos dois anos de sua passagem por lá, aumentou em mais de 100. A Santa Casa acolheu grande número de pacientes de municípios vizinhos a quem não cabia e nem podia cuidar, pois não é remunerada para isso. Manteve regularmente dívidas com fornecedores e com prestadores de serviços, levando-a a novo endividamento quando, em dezembro de 2019, a Irmandade não viu outra alternativa que não autorizar empréstimo bancário de 15 milhões de reais destinados a saldar empréstimos anteriores, quitar dívidas com médicos e fornecedores, deixando ainda um saldo suficiente para a reforma de 16 leitos das suítes DESATIVADOS há mais de 3 anos. Entretanto, os R$15 milhões já foram utilizados, não há recurso para a reforma das suítes, o pagamento de fornecedores de material hospitalar hoje já está atrasado em aproximadamente R$2 milhões, estando a instituição novamente em déficit e sem solução ou qualquer projeto para corrigi-lo a curto prazo.
O porte dos serviços que a Santa Casa presta e para os quais se acha credenciada, que deveria gerar uma receita muito superior à atual, é muito abaixo do razoável. Ela fatura cerca de R$4 milhões/mês e gasta mais de R$5 milhões, gerando um déficit insanável. Para isso também o Sr. Azér foi contratado, pois essa situação já vem da Administração anterior e não foi solucionada nesta, bem como os custos não foram reduzidos. Os empregados só recebem em dia porque desde 2012 há uma ORDEM JUDICIAL nesse sentido: um só dia de atraso gera multa de R$2.000,00 por empregado! Desde então e com a colaboração do Município, o valor da folha é adiantado para antes do 5º dia útil, abatendo-se no restante dos recebimentos mensais do SUS.
Ou seja: o Sr. Azér, com toda sua capacidade diplomática e de relações humanas, com toda sua maneira agradável de ser, disponível e dedicado, NÃO EXERCEU UMA GESTÃO DE RESULTADOS. Quando eu lancei o projeto de um nome interno da Santa Casa para compor a Direção e imprimir um cunho mais profissional à área de assistência hospitalar propriamente dita, o Sr. Azér passou a desqualificar a pessoa indicada e a minar o projeto, colocando grande parte dos funcionários, dos médicos e de outras pessoas de fora da Santa Casa contra a ideia, sem ao menos se dispor a tentar que a mesma desse certo, criando uma situação insustentável que infelizmente culminou com sua saída.
A Santa Casa precisa de PROJETOS, sendo nosso dever lutar para a implantação de uma administração profissional e eficiente. Como eu que defendi a ideia – e continuo defendendo – estou sendo considerado autoritário e adversário da Santa Casa, instituição a que minha família e eu particularmente vimos honrando há mais de um século, com nossa dedicação incondicional sem nenhum interesse político-partidário, financeiro ou de fama e glória.Poços de Caldas, 02/02/2020
Marcos de Carvalho Dias
Segundo Azer em julho do ano passado, recebeu o secretário Municipal de Saúde Carlos Mosconi e o secretário adjunto Flávio Togni, que informaram que devido a situação da prefeitura, não seria possível repassar recursos até o fim do ano. “ A partir de fevereiro viria para cobrir os R$900 mil, aproximadamente que é o déficit mensal. Fomos pegos de surpresa naturalmente ficaríamos com o déficit, não foi culpa minha. A culpa é porque não recebemos recursos”, explicou.
Durante a coletiva Azer comunicou aos jornalistas que acionará o Ministério Público para investigar a conduta do provedor e também entrará com pedido de proteção, pois teme por sua segurança e de sua família. Confira abaixo o áudio da coletiva realizada nesta terça.