De acordo com a Promotoria de Justiça Criminal de Poços de Caldas, Rego teria se apresentado como responsável por um programa de doação de terrenos públicos durante o período em que atuava na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação. Segundo a investigação, ele conduzia empresários até os lotes e solicitava pagamentos sob o argumento de que seriam necessários para oficializar a cessão dos imóveis.
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O Ministério Público afirma que, para dar aparência de legalidade ao processo, o ex-servidor utilizava documentos falsificados, como atas supostamente emitidas pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Industrial. As irregularidades foram identificadas pela Procuradoria Municipal, que constatou ausência de assinaturas e informações inconsistentes em comparação com as atas originais.
Ainda conforme a denúncia, os pagamentos eram feitos por meio de transferências via Pix, cheques e depósitos em espécie. Parte do valor arrecadado teria sido depositada diretamente na conta da filha de Rego, apontada como participante do esquema. O prejuízo total estimado pelas autoridades ultrapassa R$ 380 mil.
Uma das empresas mencionadas no processo teria pago R$ 100 mil, sendo R$ 80 mil transferidos para a conta da filha do ex-servidor. Outra vítima teria entregue R$ 130 mil, dos quais R$ 60 mil foram enviados via Pix para a filha e R$ 40 mil diretamente para Rego. Uma terceira empresa teria emitido dez cheques de R$ 25 mil cada, mas a maior parte dos valores foi sustada a tempo.
O Ministério Público denunciou Hugo Ribeiro Rego por estelionato, falsificação de documento público e corrupção passiva. A filha foi denunciada por corrupção passiva. Além da responsabilização criminal, o órgão também solicitou o ressarcimento dos valores pagos pelas vítimas, além de indenização por danos morais coletivos no mesmo montante.
Hugo Ribeiro Rego foi preso preventivamente no dia 13 de agosto. A filha dele cumpre prisão domiciliar, monitorada por tornozeleira eletrônica. Durante a operação, denominada “Castelo de Cartas”, a Polícia Civil apreendeu celulares, documentos e equipamentos eletrônicos que serão analisados pela equipe de investigação.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Clayson Brene, Rego utilizava sua posição na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) para intermediar os contatos com empresários interessados em integrar o programa municipal Avança Poços, que prevê a doação de terrenos para incentivar o desenvolvimento industrial. O delegado afirmou que o ex-servidor informava que havia uma suposta contrapartida legal exigida dos empresários, o que não seria verdadeiro.
A investigação foi iniciada após denúncia formal da Procuradoria do Município no início do ano. Rego exerceu diferentes cargos na administração municipal entre 2022 e 2024, incluindo os de gerente da Sedet, coordenador de comunicação e diretor de turismo.
No dia em que a prisão aconteceu, a Prefeitura de Poços de Caldas, por meio de nota, informou que adotou todas as providências cabíveis assim que recebeu as denúncias, e que os fatos ocorreram sem o conhecimento ou anuência da Administração Municipal.
As advogadas de Hugo Rego, Carla Felisberto dos Reis e Roselene Nogueira Barbosa, foram procuradas pela Onda Poços, mas informaram que não se manifestariam no momento por ainda não ter acesso completo às informações da acusação e que em momento oportuno irão falar sobre o caso.