Menos espaço para brincar, não poder abraçar e encontrar amiguinhos e outros familiares, não ir mais a festas de aniversário nem a viagens de férias, além de conviver com adultos mais irritados e ansiosos. Esse combo que veio associado ao confinamento tem, literalmente, tirado o sono dos pais. Para completar, há o descontrole do uso das telas, que tem prejudicado as crianças e os jovens muito mais do que imaginamos. O mundo mudou, assim como a vida das crianças, nos últimos quase dois anos. Se para os adultos já é difícil, imagine nessa fase da vida, em que o desenvolvimento depende tanto da interação. Complicado né!? Por tudo isso, a saúde mental das crianças precisa de atenção redobrada. A convidada desta segunda,11, do Onda Insight, foi a neuropsicóloga Myrthes Dantas. Em pauta, a saúde emocional das famílias e os reflexos nas crianças. “É fundamental que os sinais e reações das crianças nunca sejam ignorados e especialmente neste momento tão tenso, tão delicado. É importante que a criança se sinta segura para falar dos seus sentimentos, para que isso possa ser tratado, trabalhado e não se cristalize. Os pais têm uma tarefa de muita responsabilidade. Ninguém nasce sabendo ser pai e mãe, a gente aprende a ser pai e mãe. A escola tem um papel importantíssimo neste processo também”, disse a neuropsicóloga que presta trabalho voluntário nas escolas e defende os serviços de Assistência Social e de Psicologia, como permanentes nas instituições de ensino. “O trabalho voluntário é muito bom, mas não podemos contar somente com ele. É necessário que o poder público e as instituições de ensino se articulem nesse sentido. Já era uma necessidade que se tornou ainda mais emergente, com as desigualdades escancaradas na pandemia”, afirmou.
Curiosidade
12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, comemora-se também no Brasil o Dia das Crianças. Nosso país foi um dos primeiros a comemorar essa data e, desde 1924, o calendário brasileiro tem um dia especialmente dedicado às crianças. A cidade do Rio de Janeiro(então capital do Brasil) sediou, em 1923, o 3º Congresso Sul-Americano da Criança. Nessa época, o país era governado por Artur Bernardes. Galdino do Valle Filho, um dos deputados federais da época, aproveitando a atmosfera reflexiva que o congresso deixara na capital, elaborou, no ano seguinte, em 1924, um projeto que tinha como objetivo a criação de um dia nacional dedicado à criança. Em 1959, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estabeleceu o dia 20 de novembro como Dia Internacional das Crianças, em referência à Declaração dos Direitos da Criança.
Alimentação equilibrada, rotina organizada e um ambiente em que a criança se sinta livre para falar e expressar o que sente fazem total diferença. Mesmo com as atividades do dia a dia: escola, aulas particulares e lição de casa, busque separar na agenda das crianças, aquele momento para descontração, para brincar, assistir TV, ouvir música, relaxar. Planeje programas diferentes: um dia no parque, uma atividade ao ar livre, uma sessão de cinema. São situações que aproximam a família, fortalecem os vínculos, a interação e o diálogo. Tudo isso, mantendo os cuidados ainda necessários: distanciamento, higienização e máscara. Além disso, tanto os serviços privados, como a Rede pública oferecem atendimentos para as crianças e as famílias.
Para saber mais sobre a entrevistada: @myrthesdantas
Por Aline Fallaci – Jornalista e Professora Universitária