O crime
De acordo com o delegado Hugo Arruda, titular da Delegacia Especializada de Homicídios Barreiro, as apurações apontam que a travesti, no dia dos fatos, foi realizar o segundo procedimento com as suspeitas. “A vítima fez uma primeira aplicação, com a mesma investigada, de 4 litros de silicone industrial. Ela não teria ficado satisfeita com o resultado e solicitou o retorno para colocar mais 2 litros do produto”, conta.
Segundo Arruda, nenhuma das investigadas possui formação para a realização desse tipo de procedimento. “Ambas possuem apenas o ensino médio e não têm qualificação ou curso em biomedicina”, observa ao pontuar que a substância usada “trata-se de um produto altamente tóxico, utilizado para limpeza de peças de avião, veículos, vedação de azulejo e impermeabilização de vidros, sem qualquer indicação para uso em seres humanos”.
O trabalho investigativo aponta que a suspeita de 38 anos aplicou silicone industrial nas nádegas da vítima com o auxílio da outra investigada, de forma clandestina e sem as técnicas requeridas para o procedimento invasivo, tendo resultado na morte da travesti.
Primeira versão
Após a vítima passar por complicações durante o procedimento, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e ela morreu no mesmo dia. Para tentar ludibriar as investigações, a suspeita informou no boletim de ocorrência que a vítima estaria apenas se recuperando, na casa dela, de um procedimento realizado no estado de Goiás. “Elas vão responder por homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e por falsidade ideológica [por prestar informação falsa no registro da ocorrência]”, informou Arruda.
Prática reiterada
De acordo com as investigações, a suspeita realizava o procedimento estético ilegal de forma reiterada. “Ela visava, principalmente, o público transexual, transfeminino. Inclusive tinha uma agenda cheia, porque a vítima teve dificuldade de marcar o procedimento”, conta o delegado.
“A suspeita cobrava entre R$ 2 mil e R$ 3 mil pelo anestésico e pela aplicação do produto. O produto era adquirido pelas vítimas/pacientes. E, para fazer o segundo procedimento [na travesti], ela teria cobrado R$ 900”, acrescenta Arruda, pontuando que um outro caso, ocorrido em junho, está sendo investigado.
Ainda segundo o delegado, a investigada de 38 anos possui um histórico de crimes. “Ela tem passagens por exploração sexual de menores, homicídio, ameaça, lesão corporal e, também, por chefiar um ponto de prostituição em Contagem, onde cobrava R$ 30”, conclui.
As suspeitas foram encaminhadas para o sistema prisional e estão à disposição da Justiça.
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