A decisão da Secretaria Municipal de Educação de Poços de Caldas de instituir turmas multisseriadas na Escola Municipal Professora Carmélia de Castro, na zona rural do município, provocou forte insatisfação entre pais, alunos e membros da comunidade escolar. A medida reúne estudantes de anos distintos em uma mesma sala, sob a condução de um único docente.
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A mudança rapidamente repercutiu nas redes sociais, onde familiares de alunos classificaram a iniciativa como prejudicial. Em uma das manifestações que circulam na internet, responsáveis afirmam que a proposta “compromete o processo de aprendizagem, aumenta a carga de trabalho dos professores e coloca em risco o futuro de crianças que já lidam com dificuldades próprias da realidade rural”.
Especialistas ouvidos pela reportagem também apontam limitações do modelo. Segundo pedagogos, organizar conteúdos e atividades para estudantes de diferentes níveis exige do professor planejamento simultâneo e complexo, o que pode afetar o desenvolvimento individual dos alunos.
Posicionamento da Secretaria de Educação
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação explicou que a multisseriação é uma prática consolidada em escolas do campo em diversas regiões do país. Em nota, a pasta afirmou compreender as preocupações das famílias, mas reforçou que “as turmas multisseriadas não representam retrocesso, e sim uma organização pedagógica que estimula a cooperação, respeita os ritmos de aprendizagem e incentiva a autonomia”.
A Secretaria destaca que, nesse formato, o professor realiza um planejamento diferenciado para cada ano escolar, garantindo atendimento específico e acompanhamento individual. Ainda segundo o órgão, o modelo já é adotado em outras unidades rurais da rede e também em sistemas educacionais de países considerados referência.
A pasta acrescenta que a convivência entre estudantes de idades distintas favorece habilidades socioemocionais, como empatia e trabalho coletivo, sem comprometer o desempenho acadêmico. A Secretaria assegura que o currículo previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) está garantido, e que os docentes recebem apoio pedagógico contínuo.
O órgão também cita que a utilização de turmas multisseriadas é reconhecida por instituições como a Unesco e está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para regiões com baixa densidade populacional. “Não há perda de qualidade, mas uma organização alinhada às particularidades da zona rural, priorizando o direito das crianças ao convívio e a uma educação que valoriza cada indivíduo”, afirma.
Uma reunião entre comunidade, autoridades e representantes da Educação está agendada para a próxima quarta-feira (19), quando o assunto será discutido presencialmente.







