É realizado nesta terça-feira,19, o segundo dia de julgamento do médico Alvaro Ianhez, em Belo Horizonte. O médico é acusado pela morte e retirada ilegal de órgãos de Paulo Veronesi Pavesi há 22 anos. O Julgamento teve início nesta segunda-feira,18, no Tribunal do Júri na capital, onde foram ouvidas, a única testemunha de acusação que é Paulo Airton Pavesi, pai da criança, além de cinco testemunhas de defesas, e o Alvaro. Os depoimentos aconteceram todos de forma virtual. Haviam testemunhas das cidades de Poços de Caldas, Porto Velho (RS), Campinas (SP) e Cruzília (MG). Alvaro participou de um endereço em São Paulo e o pai de Paulinho, diretamente de Milão, na Itália.
Nesta terça-feira, ocorrem as alegações da acusação e defesa, depois a decisão dos jurados. O conselho de sentença é composto por quatro mulheres e três homens.
O julgamento era para ter sido realizado em outubro do ano passado, mas foi adiado após o médico dispensar oito advogados e ficar sem defesa constituída. O médico agora possui na defesa um defensor público e o advogado Luiz Chimicatti que em abril deste ano pediu habeas corpus, mas teve o pedido negado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Álvaro foi denunciado pelo Ministério Público como chefe de um esquema de tráfico de órgãos, o processo dele foi desmembrado dos outros médicos em razão de um agravo que deveria ser julgado.
Em janeiro de 2021, dois dos três médicos que estavam em julgamento pelo Caso Pavesi, foram acusados pela morte de Paulinho. José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto foram condenados a 25 anos de prisão e não puderam recorrer em liberdade. Já Marco Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri. O pai da vítima estava presente no momento da leitura da sentença.
Caso Pavesi
Em 2000, os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que na época tinha dez anos.
Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do garoto, após ele cair de uma altura de dez metros no prédio onde morava. O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.
Denúncia
Na denúncia, consta que cada profissional cometeu uma série de atos e omissões voluntárias com a intenção de forjar a morte do menino para que ele fosse doador de órgãos. Estão entre as acusações a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia por profissional sem habilitação legal, o que resultou em erro médico, e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. Eles são acusados também de fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
A denúncia foi recebida pela Justiça em 2002 e houve sentença de condenação, em primeira instância, em 2010. No entanto, decretou-se a nulidade do processo, a partir das alegações do Ministério Público, que colocou em suspeição a atuação do promotor de justiça no julgamento.
Decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) remeteu o processo para a capital, após pedido de desaforamento solicitado pelo Ministério Público, sob o argumento de que a população de Poços de Caldas estaria corrompida pelo bombardeio midiático do caso. O primeiro julgamento em BH foi marcado para março de 2015, redesignado para abril, e novamente suspenso por causa do julgamento de um recurso especial nos órgãos superiores.
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