Nesta semana moradores do bairro Manacás em Poços de Caldas se assustaram com a presença em massa de sapos.
Os moradores filmaram e fotografaram os sapos que aparecem em grande quantidade em residências e em prédios. Também foram vistos dentro de um buraco. Os moradores relataram que começaram a aparecer na quarta-feira,e que após a forte chuva registrada na cidade, a quantidade aumentou. Ainda segundo os moradores, a situação nunca havia acontecido no bairro e se perguntam de onde os sapos estão surgindo. As portas e os ralos das residências estão sendo tampadas pelos moradores e as janelas mantidas fechadas.
O jornalismo da Onda Poços ouviu o biólogo Renato Gaiga sobre o assunto:
“Primeiro, precisamos entender que estamos no Brasil, país líder mundial em espécies de anfíbios. E para favorecer ainda mais a presença dos sapos, Poços está inserida no bioma Mata Atlântica, tipicamente quente e úmido e rico em biodiversidade. Essa aparição de sapinhos em grande volume pode ser explicada por alguns fatores. Boa parte dos sapos, rãs e pererecas utilizam uma estratégia de reprodução do tipo “explosiva”, onde uma enorme quantidade de ovos é depositada ao mesmo tempo, aproveitando o início das chuvas. Destes ovos, eclodem girinos (fase larval da maioria dos anfíbios), que se transformam em sapinhos, que saem da água em busca de alimento e abrigo. Os sapinhos em questão são os famosos sapos-cururu (gênero Rhinella) e nas imagens feitas pelos moradores, é possível identificar indivíduos bem juvenis, que acabaram de se metamorfosear e sair da água, mas também podemos observar animais um pouco maiores, mas que ainda não atingiram a fase adulta. Inclusive, a grande maioria não vai nem chegar nesta fase, porque boa parte é predada por outros animais, como aves, mamíferos, serpentes e até aranhas. O fato é que uma hora o pessoal vai parar de ver esses bichinhos em grande quantidade e, até lá, ninguém precisa se preocupar”, explica.
O biólogo ainda salienta que, para apontar com exatidão o motivo do surgimento repentino dos sapos em grande quantidade naquela região, seria necessário monitorar o local ao longo de alguns anos, para entender se o acontecimento é um caso isolado ou periódico e se há um desequilíbrio ambiental acontecendo ou não.
Reprodução
Segundo o biólogo, os sapos podem se reproduzir em lagoas, rios, represas e açudes, mas também em pequenos acúmulos de água causados pela chuva, por exemplo, solos encharcados e áreas brejosas em terrenos baldios. ” O que acontece é que nem sempre percebemos que determinado solo está encharcado, porque estamos vendo apenas o mato por cima, mas às vezes existem áreas úmidas na região, que se tornaram ambientes propícios à reprodução destes anfíbios, após fortes chuvas”, explica.
Orientação
Renato orienta as pessoas que optaram por morar em lugares em contato com a natureza e mais afastados dos centros urbanos, a saberem lidar e conviver com a fauna silvestre nativa da nossa região, que é protegida pela lei de crimes ambientais. “Não podemos manipular, maltratar e, muito menos, matar qualquer animal. Isso é crime ambiental. Mas, infelizmente, os sapos sofrem bastante preconceito. Portanto, precisamos entender que estes animais não trazem risco à saúde humana e atuam como predadores de mosquitos, baratas, besouros, aranhas e até de serpentes, favorecendo o equilíbrio ecológico. E, obviamente, você não pode pegar um bicho desses e colocar na boca, por isso devemos tomar cuidado com nossas crianças e com animais domésticos, pois se um cachorro morder um sapo-cururu, ele pode se intoxicar e até falecer”, orienta. O biólogo ressaltou a importância de buscar pela educação ambiental e entender quais animais silvestres ocorrem naquela área, desta forma fica mais fácil lidar com estes encontros.
Para evitar a entrada dos animais em casa, o biólogo orienta o uso de borrachinhas e “cobrinhas de areia” para vedar as frestas da porta, além de evitar o acúmulo de coisas no quintal, que podem servir de abrigos para animais silvestres, como sapos, ratos e serpentes. Também explica que, em caso de um encontro com estes animais, a pessoa pode chamar a Guarda Verde Municipal ou até mesmo o Corpo de Bombeiros para um resgate seguro.
A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde informou que o caso não tem relação com a pasta, uma vez que o sapo não apresenta nenhum risco em saúde pública. Também informou que não cabe a vigilância ambiental agir nessa incidência de população de sapos. “No ponto de vista de saúde pública o sapo é importante, pois ele é inimigo natural de vários insetos pequenos que apresentam risco de saúde pública, como o aedes aegypti por exemplo”, explicou.
O coordenador da Guarda Civil Municipal Inspetor Marcelo Gavião Bastos informou que a equipe do Grupamento Ambiental esteve no local e em contato com a Coordenadora do curso de veterinária da PUC. “Ela informou que não caberia nenhuma ação, haja vista que devido às chuvas eles saíram de seu habitat natural, por excesso de água no ribeirão ali existente, mas que dentro de dois ou três dias sairiam em grupos para procurar local de sobrevivência. A veterinária do município também corroborou do mesmo pensamento”, explicou.
Receba as notícias através das comunidades oficiais do jornalismo da Onda Poços no seu WhatsApp. Não se preocupe, somente nossos administradores poderão fazer publicações, evitando assim conteúdos impróprios e inadequados. Lembre-se de salvar o número do jornalismo no seu celular para melhor visualização das notícias e links. Clique no link –> https://chat.whatsapp.com/Jtbtc1t8EJ8ELH804xl02Q